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Publicado por Jefferson Peixoto • Página original do produto na Hotmart

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Capítulo 90 - Quando Fui no Carrinho com Ele

Em um passeio diferente, Diego e Sombra descobrem novas formas de liberdade, fortalecendo ainda mais seu laço de amizade.

Capítulo 90 - Quando Fui no Carrinho com Ele

Às vezes, a vida nos reserva surpresas que parecem simples, mas que revelam profundos significados. Foi assim com o carrinho de pedal. Nossa rua já tinha visto de tudo: bicicletas, patins, cadeiras de rodas manuais e motorizadas, mas nunca um carrinho de pedal grande o suficiente para que Diego pudesse experimentar. Era o tipo de brinquedo que remetia à infância, à sensação de dirigir algo por conta própria, mesmo que fosse apenas um carrinho. Mas para nós, aquele dia se tornaria mais um marco.

A ideia surgiu numa tarde de sábado, enquanto estávamos na praça principal. Um grupo de crianças do bairro brincava com carrinhos de pedal: tinham em cores vibrantes, com pequenos volantes e pedais que giravam e faziam as rodas moverem-se. Diego observava, os olhos fixos, as mãos agarradas no tablet. Sombra deitava ao lado, respirando tranquilamente. — Você gostaria de andar em um carrinho daqueles? — perguntei, sem esperar uma resposta. Diego pensou por um segundo e escreveu: “Quero. Mas não posso pedalar.”. Ele sabia que suas pernas não obedeciam ao comando do pedal. Por um momento, meu coração apertou. Eu não queria frustrá-lo, mas também sabia que quando há desejo, há possibilidades.

Conversamos com a mãe de uma das crianças, que nos contou que o carrinho pertencia a um grupo do bairro que alugava brinquedos adaptados. — Eles têm um carrinho de pedal que pode ser adaptado para cadeiras de rodas — explicou. — É maior, tem um banco que cabe a cadeira, e outra pessoa pode pedalar atrás. — Meus olhos brilharam. Escrevi o contato. Era a solução perfeita: Diego poderia sentir a sensação de estar em um carrinho, e Sombra poderia correr ao lado, sem a limitação da cadeira motorizada. Nos dias seguintes, planejei tudo. Liguei para o grupo, fiz a reserva, pedi ajuda a Carlos para adaptar o carrinho. Clara e Lídia ficaram animadas. Dona Helena ofereceu-se para decorar o carrinho com fitas. Lourdes disse que levaria Bolt para correr com Sombra. A comunidade se mobilizava novamente.

No dia marcado, o carrinho chegou pela manhã. Eu nunca tinha visto algo tão robusto e, ao mesmo tempo, acolhedor. Era azul, com um assento largo, cintos de segurança, uma plataforma para a cadeira, e um grande conjunto de pedais atrás. Também havia um guidão duplo, que permitia que o piloto controlasse com mais segurança. Carlos e um amigo ajustaram as proteções, conferiram o freio. Eu convidei Diego para ver. Ele aproximou-se com a cadeira motorizada, olhos arregalados. Passou a mão pelo metal, pelo assento. Sombra o acompanhava, cheirando tudo. — Gostou? — perguntei. Ele escreveu: “É lindo.”. Senti que o coração dele já estava pedalando.

Decidimos que a primeira experiência seria no parque, onde o terreno era plano e onde Sombra poderia correr à vontade. Carlos seria o piloto. Diego entraria na plataforma com a cadeira, prenderíamos os cintos, ajustaríamos as alavancas. Sombra e Bolt correriam ao lado. Lídia e Clara, mais uma vez, chamaram as crianças para assistir, mas deixamos claro: seria uma experiência íntima no começo; queríamos ver como Diego se sentiria. O carrinho, agora com fitas azuis e vermelhas, estava parado na calçada. As crianças, curiosas, mantinham distância. Carlos respirou, sentou-se na parte traseira do carrinho, onde ficavam os pedais. Diego entrou com a cadeira motorizada desligada, travamos as rodas, ajustamos os cintos. Sombra olhou para nós, parecia perguntar: “Posso ir agora?”. — Sim — respondi, acariciando-lhe a cabeça.

O carrinho começou a andar. Os primeiros metros foram lentos, cuidadosos. Carlos pressionava os pedais com força constante, o carrinho se movia; Diego segurava o guidão dianteiro, como se controlasse o próprio destino. Sombra corria ao lado, sincronizado com o movimento. A cena era fantástica: um carrinho adaptado, um menino com sorriso largo no rosto, um cão fiel correndo como se tivesse asas. Algumas crianças gritavam de emoção: — Vai, Diego! Vai, Sombra! — Lídia filmava com o celular. Clara chorava discretamente. Eu me peguei correndo ao lado, rindo e chorando ao mesmo tempo. Carlos, pedalando, olhou para trás e gritou: — Isso é incrível! — Diego escreveu no tablet, segurando-o com a mão livre: “Eu estou andando de carrinho!!!”.

A sensação de vento no rosto de Diego, algo tão simples, era para ele uma novidade. Senti que, naquele momento, ele ganhava mais uma camada de confiança. Sombra, por sua vez, parecia um filhote novamente. Corria sem cansar, olhando para Diego, como se quisesse garantir que ele estava bem. Bolt, menos acostumado, foi atrás, mas em um ritmo mais lento. Lourdes o incentivava. Algumas crianças começaram a correr atrás, ri, gritei para terem cuidado, e vi que a alegria era contagiante.

Depois de uma volta no parque, paramos para que todos descansassem. O carrinho era pesado, Carlos suava, mas sorria. Diego estava extasiado. Escreveu: “Quando posso ir de novo?”. Disse a ele que poderíamos fazer outra volta depois de comer e beber água. Sombra bebia água de uma tigela, ofegante. Deitei-me na grama, observando as nuvens. Naquela hora, lembrei-me de todas as vezes em que a palavra “não” nos foi dita. “Ele não pode andar.” “Ele não pode falar.” “Ele não pode isso ou aquilo.” E, no entanto, lá estávamos. Ele andando de carrinho, mesmo que não fosse da forma convencional. Era nossa maneira de transformar impossibilidades em possibilidades.

O segundo percurso foi mais ousado. Carlos sugeriu que eu pilotasse. Ri, confesso que fiquei nervosa. Mas Diego insistiu: — “Você vai comigo?” — perguntou. E eu não podia negar. Coloquei o capacete, ajustei os pedais para minhas pernas mais curtas. Sentei-me atrás. A sensação de controlar algo assim era nova para mim também. Começamos devagar. O carrinho obedeceu ao meu comando. Senti a força nos pedais. Era diferente de empurrar a cadeira manual; era direcionar um equipamento que dependia da minha coordenação e força. Mas o mais bonito era olhar à frente e ver Diego segurando o guidão, sentindo-se confiante, e Sombra correndo, abanando o rabo. Era como se estivéssemos em um filme, aqueles que terminam com uma música emocionante e uma frase inspiradora.

No meio do caminho, sentei-me e pensei em como a mobilidade era um tema central em nossas vidas. A cadeira manual, a motorizada, o carrinho de pedal, tudo representava autonomia. Cada equipamento, cada adaptação, era uma ponte entre o que poderia ser um “não” e o que se tornava um “sim”. E percebi que o mais bonito era o compartilhamento dessa mobilidade. Era sempre “nós”: eu, Diego, Sombra, Carlos, a comunidade. Nunca “eu”. O carrinho nos levou literalmente juntos. E isso tinha um simbolismo enorme: andar junto. Nunca antes, eu e Diego havíamos andado lado a lado, com Sombra correndo, em um veículo. Era sempre ele e eu empurrando; ele e Sombra, com a cadeira motorizada; agora éramos todos.

Quando terminamos, paramos sob a sombra de uma árvore. As crianças que observavam, agora mais corajosas, se aproximaram. Um menino perguntou se poderia experimentar o carrinho. Explicamos que, por ora, era apenas para Diego, mas que, em outro momento, organizaríamos um evento. O menino não se chateou; ao contrário, ofereceu-se para ajudar a empurrar o carrinho de volta. Um pequeno gesto de solidariedade que me emocionou. Lourdes, ao ver Bolt cansado, riu: — Acho que meu Bolt precisa de aulas com Sombra. — Respondi: — Ele está indo muito bem. — Bolt, ofegante, abanou o rabo como quem concorda.

À noite, em casa, Diego escreveu uma nota no caderno que intitulamos “Diário dos Sonhos Realizados”. Ele escreveu: “Hoje andei de carrinho com o Sombra. Minha mãe pedalou. Foi como voar. As pessoas bateram palmas. Senti vento no rosto. Achei que estava dirigindo. Queria fazer de novo. Sombra correu muito. Depois dormiu. Eu dormi feliz. Obrigado.”. Li e chorei. Anotei ao lado: “Cada conquista sua é a minha conquista. Cada sorriso seu ilumina meu mundo. Obrigada por me deixar andar com você.”. Fechei o caderno, beijei-o na testa e desejei boa noite.

O efeito daquele passeio não se limitou a nós. Na semana seguinte, Clara relatou que várias crianças da escola estavam escrevendo sobre mobilidade e inclusão. Lídia preparou uma aula sobre meios de transporte adaptados. Dona Helena começou a pesquisar triciclos adaptados para idosos. Lourdes e eu conversamos sobre organizar mais eventos de empréstimo de brinquedos adaptados. Bolt e Sombra ganharam fãs. Recebemos mensagens de pessoas do bairro dizendo que ficaram emocionadas ao ver a cena. Uma senhora escreveu: “Eu nunca pensei que veria algo tão lindo. Obrigada por encher meu coração.”. E percebi que aquele dia transcendeu nosso quintal, nossa rua. Inspirou outros a repensar o que é possível.

Quando pensamos em “quando fui no carrinho com ele”, não é apenas sobre a experiência física de usar um brinquedo adaptado. É sobre dizer sim a desejos que parecem pequenos para alguns, mas gigantes para outros. É sobre a alegria nos olhos de um menino que nunca havia sentido o vento no rosto daquela forma. É sobre um cão que, mesmo envelhecendo, encontra energia para correr ao lado de seus humanos. É sobre uma mãe que descobre músculos nas pernas que não sabia que tinha, e que sente orgulho de cada pedalada. É sobre uma comunidade que se mobiliza, que aprende, que se sensibiliza. É sobre amor em forma de movimento.

O carrinho de pedal ficou conosco por algumas semanas. Diego pediu para usá-lo algumas vezes mais, sempre com Sombra ao lado. Em uma tarde, empurramos o carrinho até a pracinha menor do bairro, e algumas crianças pedalaram atrás. Diego começou a ajudar outras crianças a entrar e sair do carrinho, ajudava a afivelar os cintos, ensinava a posição das mãos no guidão. Ele se tornou uma espécie de instrutor. As crianças o ouviam, e ele se sentia importante. Sombra, sempre ao lado, ficava atento. E eu, ao ver a cena, pensei: quem diria que a vida, com suas curvas, me traria até aqui? Quem diria que aquela criança, que um dia disseram que não andaria, estaria agora guiando outras? Quem diria que o carrinho seria símbolo de algo tão bonito? A vida, definitivamente, é cheia de surpresas.

E assim, guardamos esse dia no coração e no diário. Sempre que Diego abre o caderno e lê “O dia que andamos juntos”, eu sorrio. E lembro que, na nossa história, andar junto sempre terá um significado especial. Porque andar junto significa incluir, aprender, sonhar, realizar. E porque sempre haverá um carrinho esperando para levar-nos a lugares surpreendentes, desde que mantenhamos a vontade de pedalar e a coragem de sonhar.


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