Receitas Saudáveis para seu Cão — eBook
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Publicado por Jefferson Peixoto • Página original do produto na Hotmart

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Capítulo 72 - Um Certificado de Superação

Depois da feira, a escola reconhece Diego. Entre aplausos, um certificado vira abraço — e Sombra carimba em amor com sua pata.

Capítulo 72 - Um Certificado de Superação

O pátio ainda tinha restos de fita crepom agarrados nos galhos das árvores quando a notícia chegou: a direção da escola convidava Diego e a família para uma cerimônia simples, no fim da tarde, “em reconhecimento à coragem e ao brilho que ele trouxe à feira”. A mensagem veio pelo celular da professora Lídia, com emojis de estrela e coração, e um texto curto que parecia tremer de alegria. A mãe leu em voz baixa para o pai, e o pai apenas assentiu, apertando de leve o ombro do filho. Diego, na cadeira, olhou para mim — e eu, Sombra, respondi com o rabo: eu entendi.

A casa correu num silêncio apressado. A mãe separou a camisa azul clarinha, o pai passou um pano lustroso no assento da cadeira adaptada, e eu fui de cômodo em cômodo certificando que o caminho estava livre, como aprendi. Diego observava tudo com aqueles olhos que brilham primeiro por dentro e depois derramam luz para fora. Na mesa, o tablet descansava com a palavra AMO salva na tela — o talismã do último capítulo da nossa vida. Antes de sair, a mãe beijou a palavra no vidro, do jeito que beija uma lembrança.

O corredor de luz

Voltamos à escola quando a tarde ficava dourada. O portão rangeu a mesma nota de sempre, mas, daquele lado, o mundo parecia novo. Bandeirolas que sobreviveram à feira tremulavam devagar; a faxineira ajeitava as fileiras de cadeiras de plástico no pátio coberto; um microfone discreto piscava em silêncio sobre uma mesa. Havia um cheiro de limpeza, giz e algodão-doce antigo — o perfume dos grandes dias escolares.

A diretora nos recebeu com um sorriso de quem já chorou de alegria, enxugou e guardou o lenço para o caso de chorar outra vez. “Boa tarde, família! Hoje a escola é toda de vocês por alguns minutos.” A professora Lídia chegou em seguida, com um envelope bege nas mãos. “Está aqui”, disse, sussurrando e batendo de leve no papel. A mãe tocou no envelope como quem toca num vidro de perfume caro. O pai fez que sim, com os olhos marejados e discretos.

Eu me posicionei do lado esquerdo da cadeira, um passo meio à frente, do jeitinho que treinamos. Quando o som do pátio cresceu — um burburinho de famílias, passos, risinhos — encostei o flanco em Diego para que ele sentisse minha ancoragem. Ele descansou a mão no meu pescoço e respirou. A mãe notou, sorriu de canto: “Obrigada, Sombra”. Ela sempre diz com voz baixa, como se agradecesse ao próprio dia.

(E aqui, com cuidado, a mãe comentou com a diretora — e algumas mães curiosas — que aprendeu muito sobre minha condução calma em ambientes cheios no Curso de Adestrador de Cães. Não foi sobre truques; foi sobre respeito, sinal claro e presença. Eu ouvi meu nome e entendi que era carinho.)

A chamada

A diretora testou o microfone, a voz saindo redonda, pequena, para não assustar ninguém: “Boa tarde. A escola é um lugar de ciência, de arte e também de escuta. Dias atrás, nós vimos a escuta virar ponte. Hoje, queremos entregar a Diego um certificado que diz o que os nossos olhos já sabem: ele nos ensinou a aplaudir o silêncio e a ler o amor.”

As cadeiras rasparam o chão num mar de gente se ajeitando. A professora Lídia abriu o envelope com cuidado e tirou de dentro um papel com moldura azul. Não era grande, não era caro, mas brilhava como se alguém tivesse polvilhado ali o pó das pequenas constelações. Em letras firmes: Certificado de Superação. Abaixo, o nome de Diego, as assinaturas, a data. E uma frase que parecia batimento de coração: “Porque a palavra nasce de mil coragens, e a sua nasceu aqui.”

A mãe segurou o choro com o queixo. O pai enfiou as mãos nos bolsos, como quem guarda um rio para ele não transbordar. A diretora fez um gesto. Nós avançamos. Junto, disse ela sem dizer — e eu fui.

A entrega

A professora Lídia se abaixou, trazendo o certificado à altura dos olhos de Diego. “— É seu.” Só isso. Duas palavras que pesavam menos que uma pluma e mais que o mundo. Diego piscou devagar. Primeiro olhou para mim. Eu encostei meu nariz no papel, farejando o cheiro de tinta e fita adesiva. Depois, o menino ergueu um pouco o queixo e estendeu a mão direita. A mãe ajudou só na estabilização, como aprendeu com a fono. Os dedos de Diego tocaram a borda da moldura. Só um toque — e aquilo bastou.

O pátio prendeu o ar. Eu ouvi o silêncio inteiro da escola. Então, alguém começou a bater palmas com as pontas dos dedos. Depois, outra pessoa. Depois, um coro baixo, macio, que não feria os ouvidos, que abraçava. A mãe encostou a testa na têmpora do filho. O pai passou a mão no cabelo de ambos, num gesto torto e bonito que confundia carinho e orgulho. E eu, que não aplauso, dei meu jeito: coloquei a pata no apoio do pé da cadeira, como se assinasse junto a certidão do momento.

“— Podemos… carimbar?” perguntou a professora, com os olhos brilhando de travessura boa. Trouxeram uma almofada de carimbo atóxica, vermelha, e uma folha auxiliar para teste. A diretora riu: “Assinatura canina tem validade universal.” O pátio sorriu. A mãe olhou para mim, perguntando sem falar. Sim, respondi com o rabo.

Molharam de leve minha almofadinha da pata, encostaram no papel de teste — e eu ouvi o ploc fofo do carimbo improvisado. Quando tudo ficou certo, a professora girou o certificado original numa borda discreta, e a mãe guiou o meu gesto. PLOP. Nasceu ali a minha marca: uma lua de pata, ao lado do nome de Diego. O pátio, outra vez, respirou. Era uma pata. Mas era também um juramento.

A foto que vira janela

Levantaram o celular. “Um, dois, três.” A foto pegou a borda das bandeirolas, a mão de Diego segurando o papel, a mãe do lado, o pai atrás, eu de perfil — e, por trás de nós, um céu que virava laranja. Depois, outra foto, só do certificado apoiado no colo do menino, com a palavra AMO refletida sutilmente no vidro do tablet repousado ao lado. A professora viu a coincidência e cobriu a boca, como quem presencia uma pequena benção.

“— Quer falar algo?”, perguntou a diretora à mãe. Ela aproximou o microfone na altura do peito, como quem não quer levantar a voz. “Eu só quero agradecer. À escola, por ser casa; aos colegas, por serem vizinhos de alma; e ao meu filho, por me ensinar que paciência é outra forma de dizer eu te amo.” Ela virou para Diego: “Se quiser, a gente tenta uma palavra?” O menino olhou para o tablet. A professora já tinha aberto o app. Eu encostei, ancorando. O dedo dele subiu, tremendo manso. Na tela branca, veio O — redondo como abraço. Depois B — com esforço. E depois R — torto e valente. I e G fecharam a palavra: OBRIG. O cansaço chegou antes do ADO. A sala entendeu. E aplaudiu do mesmo jeito, porque também existe gratidão que se escreve pela metade e chega inteira.

A mãe beijou a testa do filho, rindo em choro: “Entendemos, meu amor. Recebido.” A diretora completou baixinho: “— E retribuído.”

Depois do palco

Ficamos por ali, como quem demora de propósito para o dia durar mais. Colegas passaram, tocaram no papel com a ponta do dedo, fizeram perguntas tímidas. Uma menina das tranças trouxe um adesivo de cometa para colar na moldura. “Agora ele viaja com vocês,” disse. Diego sorriu nos olhos. Eu cheirei o adesivo; tinha cheiro de cola recente e coragem antiga.

A psicopedagoga veio devagar, respeitando o ritmo. “Posso dizer? Esse certificado é mais sobre nós do que sobre ele. É a escola lembrando que aprender é abraçar.” A mãe concordou. “E é a gente lembrando que o impossível só é uma palavra pendurada muito alto — a gente puxa uma cadeira, sobe nela e alcança.” O pai riu do jeito dele, cabeceando um é isso.

Quando o sol começou a apagar, fomos para casa com a moldura no colo de Diego, presa por uma fita, e eu ao lado, fazendo escolta de rei. No portão, a vizinha Tia Helena bateu palmas, duas vezes só, para não assustar. “Dá cá esse documento que vou plastificar!” A mãe prometeu levar outro dia. “Esse dorme no nosso mural,” disse, séria de brincadeira. Tia Helena assentiu: “Então amanhã o bairro amanhece mais bonito.”

O ritual de pendurar

Em casa, a parede do corredor parecia esperar desde sempre. O pai tirou os recortes do jornal, endireitou a foto da feira, mediu com a fita: “Aqui.” Diego acompanhava com os olhos atentos, como quem dirige obra. Eu sentei perpendicular à parede — meu posto de engenheiro de sentimentos. A mãe limpou o vidro com o pano macio, e por um segundo o reflexo do AMO do tablet apareceu de novo, como um fantasma amigo.

Enfiaram o preguinho. Tic. A moldura subiu. Trac. Parou. E ali ficou: Certificado de Superação, nome de Diego, assinatura da escola, assinatura da diretora, assinatura afetuosa da professora — e, no canto, a minha pata. A casa respirou diferente. Há objetos que mudam a geografia do ar.

A mãe puxou o filho para perto da parede. “Olha.” Ele olhou. Longo. Longo como quem bebe. O pai deu três passos para trás, testando o enquadramento de uma foto que ainda não aconteceu. Eu deitei e deixei a cabeça encostar no pé de Diego, porque todo rito precisa de chão. Ficamos assim, um minuto inteiro. Talvez dois. Talvez o tempo de um coração entender que cresceu mais um número.

O brinde de leite

A cozinha cheirava a pão aquecido e canela. A mãe subiu uma caneca de leite morno; o pai trouxe um bolo simples, redondo, liso, com uma vela pequena só para ter motivo de assoprar em pensamento. Não cantamos parabéns; rezamos baixinho. “Obrigada pelo dia.” Diego encostou a testa na minha, e eu fechei os olhos. Nesse toque cabe tudo: a palavra ausente e a presente, o peso do papel e a leveza do ar, o antes e o depois.

A mãe ergueu a caneca. “Um brinde ao caminho, não ao troféu.” O pai tocou a borda da caneca com a unha, fazendo um som de sino doce. Diego sorriu. Eu lambi o vento — meu jeito de brindar.

O carimbo que fica

Na hora de dormir, a casa ficou lenta. O corredor tinha um brilho novo, mesmo com as luzes apagadas; o certificado, no escuro, parecia uma janela. A mãe levou Diego para o quarto. Eu fui atrás, como levo a noite pela coleira para ela se comportar. Ele deitou, cansado-bom. A mãe cobriu com o cobertor que tem cheiro de sol. O pai apareceu na porta e disse o que sempre diz quando o dia é maior do que a boca: “Obrigado, meu filho.”

Antes de sair, a mãe olhou para mim. “Sombra, quer deixar mais um carimbo?” Levou minha pata ao caderno que Diego usa para treinar letras e fez ploc na primeira página em branco. Depois, ajudou o filho a traçar um D gigante em volta da marca, como quem desenha uma moldura para o que importa. Escreveram um título simples, com a caligrafia mansa da mãe: Pata que Assina o Amor. Ficou bonito demais. Diego olhou, fechou os olhos devagar e suspirou.

Apagaram-se as luzes. Eu me deitei entre a cama e a parede, meu lugar favorito, porque dali eu escuto o coração dele e o som da casa. Às vezes, quando o mundo se cala, dá para ouvir a tinta dos certificados secando. É o barulho do tempo dizendo tá valendo.

O dia seguinte (que é também hoje)

De manhã, o corredor amanheceu com passarinhos cantando na moldura. Juro que ouvi. A mãe passou devagar, ajeitou a posição do papel como quem penteia o cabelo de uma criança antes da foto. O pai parou, bateu com o punho de leve no peito e sorriu para o vidro. Diego desfilou na cadeira, eu a meio passo, e paramos juntos diante da parede. O sol fez a moldura brilhar. E por um segundo vi refletidas ali todas as outras coisas que não viram papel: o primeiro tremor de lábio, a primeira letra, o mamãe, o balão vermelho amarrado à minha coleira, o jornal, a feira, o AMO gigante no telão. Tudo coube no retângulo azul.

A mãe se abaixou e sussurrou no ouvido de Diego:
— Meu amor… certificado é só um nome bonito para o que você já é.
Ele piscou devagar — o “sim” que inventamos juntos.
Eu abanei a cauda — o “eu assino embaixo”.

E saímos para mais um dia, levando no peito aquilo que papel nenhum consegue medir: a certeza simples e enorme de que superação é um carimbo que a vida coloca por dentro — e que nós, aqui, apenas molduramos para lembrar.


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