Receitas Saudáveis para seu Cão — eBook
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Publicado por Jefferson Peixoto • Página original do produto na Hotmart

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Capítulo 73 - O Menino e o Cão Que Venceram

 

Depois do certificado, Diego e Sombra entendem a vitória: não é troféu; é paz no peito, palavra no olhar e amor que não desiste.

Capítulo 73 - O Menino e o Cão Que Venceram

O corredor de casa amanheceu diferente desde que a moldura azul subiu para a parede. Quem passava diante do Certificado de Superação sentia, sem que ninguém explicasse, que ali morava uma janela para dentro. O papel refletia o sol em pedacinhos e devolvia, no vidro, retalhos de histórias: a primeira letra no tablet, o mamãe sussurrado como oração, o balão amarrado na coleira, a feira da escola, o jornal da cidade — e, no canto da moldura, a pata de Sombra, carimbo que parecia dizer: eu assino embaixo.

Naquela manhã, Marisa passou o pano com delicadeza sobre a moldura, como quem penteia o cabelo de uma criança antes da foto. Beijou o dedo e encostou no vidro, num gesto que inventara quando Diego era bebê e que nunca deixou de funcionar: o beijo que protege. Carlos, vindo da cozinha, observou em silêncio. Ele ainda se surpreendia com o próprio coração cabendo em tantas coisas — no caderno de exercícios, no papel do certificado, no cheiro de café que anuncia que o dia aceitou começar.

Diego veio na cadeira, guiado pelas mãos da mãe; Sombra, a meio passo, ocupava sua posição exata — nem à frente, nem atrás, mas junto. O menino parou diante do quadro, e seus olhos castanhos ganharam um brilho úmido, daquele que vem antes do sorriso. Tocou devagar a madeira, desceu o dedo até a assinatura da diretora, escorregou pela assinatura da professora e parou na marca de Sombra. Encostou o indicador na pegada e, com a outra mão, procurou o pescoço do cão. Achou. Sombra suspirou como quem encontra o lugar certo no mundo.

A casa que aprende a respirar

A mãe abriu a janela. O vento entrou levando e trazendo notícias: cheiro de pão na vizinhança, risos de crianças na rua, uma música baixa num rádio antigo. O mundo parecia normal, e por isso mesmo era milagre. A rotina de exercícios começou como nos outros dias: alongamento, o toque dos dedos na tela para dizer sim e não, um treino de respiração, três tentativas de sílabas macias. Mas algo vibrava diferente ali — não era pressa; era sentido.

— Filho, hoje a gente faz do jeitinho que você quiser — disse Marisa, acomodando a mão sob a mão dele, como quem faz de raiz o suporte do galho.
Diego piscou devagar (o “sim”), e a caneta digital pousou na tela branca. Sombra aproximou o corpo, deixando o flanco como muro de aconchego. O “D” nasceu primeiro — sempre ele, como porta —, depois o “I” e o “E”. O “G” exigiu fôlego; o “O” fechou em abraço.
Diego. De novo. De novo. Sem cansar de ser.

— Sabe… — disse Carlos, num sussurro que parecia medo de atrapalhar —, eu acho que já entendi. Não era o mundo que precisava ouvir. Era a gente.
Marisa sorriu sem virar o rosto, porque sorrir de frente às vezes derruba a represa.
— E agora a gente sabe escutar até quando ele não fala. A voz tem mais lugares do que a garganta.

Sombra, que não conhece metáforas mas conhece coração, encostou a testa nos joelhos do menino. Em seu idioma de quatro patas, confirmou: é isso.

A notícia que volta

Tocaram a campainha. Era Lídia, a professora, carregando um envelope simples e uma ansiedade bonita.
— Trouxe isto — disse, entregando a Marisa. — A escola recebeu um convite da secretaria de educação: querem que a gente apresente uma mesa redonda sobre “comunicação que acolhe”. Pediram vocês… e o Sombra, claro.
O silêncio que veio depois foi do tipo cheio: ninguém soube onde pôr a alegria para não derramar.

— Não precisa ser agora — apressou-se Lídia. — Pode ser daqui a um mês. A ideia é que outras famílias conheçam caminhos, sabe? Equipamentos, rotinas, jeitos de esperar. E… se quiserem, aquele detalhe que você me contou, Marisa: como preparou o Sombra para ambientes cheios.
Marisa riu de si mesma.
— O pouco que sei de comando e calma aprendi naquele curso online… — hesitou, então decidiu dizer como quem diz obrigada: — no Curso de Adestrador de Cães. O resto, ele me ensinou respondendo com amor.
Lídia sorriu:
— Às vezes, a técnica abre a porta. Quem entra é o coração.

Diego acompanhava tudo com olhos acesos. Bateu de leve o dedo na tela, chamando a sessão de escrita para si. A ponta da caneta dançou. Demorou, parou, voltou, recomeçou. Na superfície branca despontou uma palavra nova: IR.
— Ele escolheu. — Marisa respirou fundo. — A gente vai.

A cidade em volta

O auditório da secretaria era maior que a escola. Luzes altas, som controlado, cadeiras forradas. A gente aprende rápido a medir lugares: distância de banheiros, corredores de respiro, a sombra mais bonita onde ancorar um cão. Chegamos cedo — hábito de quem precisa desenhar terreno. Sombra cheirou o palco como quem lê jornal: tecido, cabo, sapato, café, nervoso, perfume, flores de plástico. Tanta informação que ele quase riu (se cães rissem).

A mesa redonda parecia um semicírculo de abraços. Lídia mediava; ao lado, uma fonoaudióloga, uma mãe de outra escola, o psicopedagogo da rede e nós: Marisa, Carlos, Diego e Sombra. Não havia holofote; havia intenção.
— Hoje não é sobre história bonita pra emocionar plateia — falou Lídia. — É sobre ferramenta, rotina e olhar. Se emocionar, tudo bem. Mas que a emoção vire ponte.

Marisa contou como transformou a casa em mapa: etiquetas, horários, luz baixa nas horas de barulho, respiração que vira jogo. Mostrou capinhas de caneta, suportes de punho, o tablet com atalhos grandes. E, quando perguntaram de Sombra, falou sem enfeite:
— Três palavras: junto, acolhe, espera. Eu aprendi o básico e, no começo, tremi de medo de estragar o que era instinto. Descobri que adestrar é organizar amor. Ajudou muito estudar pelo Curso de Adestrador de Cães. O resto o Sombra faz sozinho, porque conhece o Diego melhor do que eu.

Sombra ouviu seu nome, ergueu a cabeça, encostou a pata na sandália de Diego e esperou. O menino, com solenidade de rei, pousou a mão sobre a cabeça do cão. O auditório aprendeu na hora a primeira lição: antes de técnica, existe vínculo.

Quando chamaram Diego para “mostrar se quisesse”, ninguém exigiu. Ele escolheu. A mão subiu, e o silêncio respeitoso subiu junto. Na tela: OI.
Aplausos pequenos, daqueles que foram ensinados a não machucar.
Diego sorriu no canto dos olhos. Sombra abanou a cauda uma vez — a unidade de medida do contentamento.

O que significa vencer

Na volta, a cidade parecia menos barulhenta. Talvez porque a vitória, quando é verdadeira, não grita. Diego, exausto-bom, adormeceu no caminho. Marisa o olhou como quem lê um salmo. Carlos dirigia devagar, medindo o asfalto com cuidado de quem sabe o que conduz.

— Vencemos? — ele perguntou, quase menino.
Marisa pensou antes de responder, para não gastar a palavra.
— Vencer não é chegar. É caber.
— Caber?
— Caber na vida que a gente tem, sem perder quem a gente é.
Carlos sorriu com as mãos no volante.
— Então… vencemos.

Sombra, do banco de trás, confirmou em silêncio. Para ele, vitória tem cheiro: de casa, de cobertor, de pão aquecido, de mão que encontra o lugar certo na nuca do cão. Cheiro de paz.

O brinde no quintal

No quintal, a lua assistia sem palco. Tinha bolo simples (com frutas amassadas por segurança), leite morno, e o crachá de Apresentador pendurado no varal, como bandeirinha pessoal. Tia Helena chegou com um sorriso de travesseiro e um pote de biscoitos caseiros.
— Foi bonito?
— Foi caminho — respondeu Marisa. — Melhor que bonito.

Diego acordou do cochilo e pediu o tablet com um olhar que só a gente entende. A caneta, obediente, aceitou o peso leve de seus dedos. Ele escreveu devagar: NÓS. Depois parou. Pareceria incompleto para muitos. Para nós, era inteiro.
— Nós — repetiu Carlos, brindando com o copo de leite.
— Nós — devolveu Tia Helena, emocionada, sem saber como segurar a alegria.
Sombra latiu baixo, que em língua de cão quer dizer presente.

As vozes que chegam

Nos dias seguintes, a porta bateu mais vezes do que o costume. Chegaram cartas da escola, bilhetes da vizinhança, mensagens de gente que nunca vimos — algumas, de pais dizendo que tentariam de novo; outras, de professores pedindo referências de materiais; duas, de adolescentes prometendo bater palmas de leve quando a turma fizesse barulho demais. Marisa respondeu a todas, sem pressa, como quem mantém acesa uma chama pequena que aquece longe.

Uma mãe escreveu: “Aqui em casa a palavra ainda não veio. O que eu faço quando falho?”
Marisa respirou antes de digitar: “Você não falhou. Às vezes, o milagre está no músculo do tempo. Fique. Espere. Celebre o quase. O quase é degrau.”
E assinou: Com carinho, Marisa. Sombra manda lambeijos.

Naquela noite, Diego dormiu com a mão pousada no flanco de Sombra. A mão não pesava; pertencia. O cão fechou os olhos sabendo que estava na posição exata do universo.

O dia do parque

No domingo, decidiram estrear uma coragem que vinha crescendo: o parque. Antigamente, era território de desistências — barulho que vinha sem aviso, bicicletas que passavam perto, música alta dos quiosques, patos que não respeitavam o conceito de distância saudável. Agora, tentariam outra vez, do jeito novo: cedo, sombra fresca, caminho mapeado, fones de proteção caso precisasse. E junto. Sempre junto.

O portão verde do parque abriu como boca de história. Sombra foi à frente só o suficiente para checar; a cada três passos, voltava o focinho e conferia: tudo bem? Diego sorriu para um menino que soltava pipa. O menino retribuiu com um aceno curto — delicadeza aprendida na escola. Um casal de idosos cedeu a pista com um sorriso discreto. O mundo, quando quer, sabe ser casa.

Pararam à beira do lago. As árvores escreviam sombras no chão. Diego levou a mão ao bolso e tirou um carrinho antigo — metal gasto nas bordas, memória de bebê. Ele empurrou o carrinho sobre o tampo da cadeira, fez um zigue-zague tímido, e então estendeu o brinquedo para Sombra. O cão encostou o focinho e empurrou de volta, devagar. Era um jogo bobo, e por isso mesmo era sagrado.

— Vê? — disse Marisa, ajeitando os cabelos. — É isso que quer dizer vencer.
— O quê?
— Jogar o carrinho no domingo, com o vento no rosto, sem pedir licença ao impossível.

Carlos não respondeu. Apenas aproximou a mão da mão dos dois. A família virou uma peça só no banco de praça.

O final que abre

À noite, antes de dormir, Marisa levou Diego para se despedir da parede do corredor — sim, porque agora havia esse ritual: desejar boa noite ao próprio caminho. O menino mirou a moldura, depois a pata impressa, depois seu nome. Tocou cada coisa como quem confere se o sonho continua no lugar. No caderno, onde a mãe havia escrito Pata que Assina o Amor, Diego acrescentou um traço torto que parecia um coração. Ficou feio e perfeito.

— Filho — disse Marisa, baixinho —, se um dia alguém te perguntar o que foi que a gente venceu, você responde: a pressa.
Ele piscou (sim).
— E se perguntarem como a gente venceu…
Diego levou a mão ao pescoço de Sombra.
— …diz que foi junto.

Apagaram a luz. A casa ficou de ouvir os próprios passos. O certificado brilhou um quase-nada que mais parecia vela. Carlos, já no quarto, disse o que diz quando a língua fica pequena:
— Obrigado.
Ninguém perguntou a quem; às vezes a gratidão não precisa de endereço.

Sombra se enrolou aos pés da cama, fazendo do corpo um travesseiro de mundo. Antes de fechar os olhos, ergueu a cabeça e olhou para Diego uma última vez. No escuro, reconheceu silhuetas: a curva da bochecha, a linha do nariz, o vai e vem da respiração. O cão guardou aquilo com o zelo dos anjos sem asas. Em seu idioma secreto, prometeu outra vez o que promete todos os dias: amanhã eu acordo com você.

E assim, sem trombetas, sem medalhas, sem manchetes, o menino e o cão venceram. Venceram o barulho por dentro, o calendário que corre, a ideia de que milagre precisa ser estrondo. Venceram aprendendo a morar na própria vida — e convidando o mundo, com educação e ternura, a entrar sem fazer bagunça.

No corredor, a moldura dissse baixinho (porque papéis falam para quem sabe escutar): superação. Na sala, o tablet adormeceu com a palavra NÓS. No quarto, o coração bateu no compasso que inventaram juntos.

E, do lado de fora, a noite inteira assinou com estrelas a mesma certeza que a pata de Sombra carimbou no papel: o amor é um verbo que sabe vencer.


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