Receitas Saudáveis para seu Cão — eBook
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Publicado por Jefferson Peixoto • Página original do produto na Hotmart

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Capítulo 77 - Diego Escreve Seu Nome

Com apoio de Sombra e um amor imenso, Diego traça cada letra e escreve seu nome pela primeira vez, desenhando esperança em silêncio.

Capítulo 77 - Diego Escreve Seu Nome

A manhã parecia qualquer outra, mas algo no ar me dizia que aquele dia guardava um segredo. O sol filtrava-se pelas cortinas com delicadeza, projetando reflexos dourados no chão da sala. Os balões da última festa, já murchos, ainda decoravam o espaço como pequenas recordações teimosas. Eu estava na cozinha preparando o café, sentindo o cheiro do pão assando, quando ouvi o barulho da cadeira de rodas de Diego se aproximando lentamente. Seu passo era compassado, mas o olhar estava diferente — mais atento, mais decidido. Sombra, nosso fiel pastor alemão, caminhava ao seu lado, as orelhas erguidas e a cauda balançando devagar. Era como se ele também pressentisse algo.

Desde a festa surpresa de dez anos, muitas coisas haviam mudado. Diego não era mais o mesmo menino fechado em seu silêncio; havia se transformado em um explorador do próprio mundo, curioso e determinado. A palavra “herói” tinha atravessado nossa casa, impregnando objetos e transformando rotina em epopeia. E, ainda assim, havia um desejo não realizado: ver Diego escrever seu nome completo, com suas próprias mãos, desenhando cada letra como se contasse uma história. Já havíamos comemorado a primeira letra, o “A” que ele traçou no tablet como quem faz nascer uma estrela. Mas a palavra “DIEGO” era um universo inteiro.

Quando Diego parou ao meu lado na cozinha, apontou para a mesa onde o tablet descansava e me olhou com uma mistura de medo e coragem. Entendi na hora. Aproximei o tablet, ajustei a caneta digital na mão dele com carinho e beijei sua testa. — Hoje pode ser o dia — sussurrei, mais para mim do que para ele. Olhei para Sombra. Seu olhar era cúmplice; ele se deitou aos pés da cadeira, como um guardião que sabe que está prestes a testemunhar algo sagrado.

Levei Diego até a sala, onde a luz era melhor. A mesa estava limpa, o ar estava quieto, a casa parecia segurar a respiração. Coloquei o tablet em seu colo e segurei a mão dele de leve, apenas para orientar, não para controlar. — Vamos começar? — perguntei, sorrindo. Ele respirou fundo, puxando o ar como um mergulhador antes de emergir no mar. Sombra enfiou o focinho sob o braço de Diego, oferecendo apoio. Começamos.

A caneta digital deslizou trêmula na tela. Diego precisou de alguns segundos para posicioná-la. Então traçou uma linha vertical: o início da letra “D”. A linha saiu torta, como um tronco de árvore que cresce em direção à luz. Eu mantive o sorriso, engolindo o choro que começava a nascer. Era apenas o primeiro traço, mas carregava anos de luta. Diego fez uma pausa e olhou para Sombra, como se pedisse forças. O cão levantou o focinho, tocou de leve a mão do menino com a cabeça e ficou quieto. Era como se dissesse: “Continue”.

A curva da letra “D” foi um desafio. Diego tentou uma vez e a linha escapou. Tentou de novo, deslizando lentamente a caneta como quem contorna a própria alma. Eu respirava junto, sem intervir, lembrando-me do quanto tínhamos lutado para chegar ali. Lembrei-me das sessões de fisioterapia, das horas de música suave, dos exercícios de respiração. Lembrei-me das dicas que aprendi em um Curso de Adestrador de Cães para estimular Sombra a permanecer calmo e ao mesmo tempo atento às emoções de Diego. Aqueles ensinamentos estavam sendo úteis agora, pois o cão não tirava os olhos do menino, pronto para acalmá-lo se precisasse.

Finalmente, o “D” fechou. Era desigual e imperfeito, mas era “D”. A letra do nome dele. Olhei para Diego e percebi que ele também sorria. Um sorriso tímido, mas orgulhoso. Não fizemos festa; apenas respiramos. Sabíamos que ainda havia um caminho a percorrer. A mão dele descansou por um minuto; Sombra lambeu seus dedos, como quem abençoa. Carlos, que estava na porta, se aproximou e colocou a mão no ombro do filho. — Você consegue — murmurou, com a voz embargada. A palavra dele tinha o peso de uma prece.

O “I” veio mais fácil. Apenas uma linha, acima e abaixo. Diego o desenhou com menos tremor, apoiando a mão que segurava a caneta com a outra, em um gesto que havíamos praticado muitas vezes. Quando terminou, olhou para mim, aguardando confirmação. Eu pisquei, o sinal silencioso que sempre usamos para dizer “sim”. Ele piscou de volta, e seguimos em frente. Sombra bocejou, como se estivesse relaxando, mas seus olhos não desgrudavam da tela.

Chegamos à letra “E”, e a ansiedade voltou a crescer. Era uma letra com três linhas e um traço vertical; exigia mais coordenação. Diego hesitou, respirou, e tentou. A mão trêmula desenhou o traço vertical. Depois a linha superior, a linha do meio, a inferior. Todas tortas. Ele franziu a testa e parou. — Está ótimo, meu amor — falei, segurando o impulso de corrigir. — O importante é que você está fazendo. Podemos tentar de novo se quiser. Ele assentiu, apagou a letra com dificuldade e recomeçou. Dessa vez, o “E” saiu melhor, ainda que imperfeito. Quando terminou, pousou a caneta no colo e descansou as mãos. Sombra se levantou, deu uma volta e se deitou novamente. Parecia que até ele precisava de um respiro.

Trouxe um copo de água com canudo para Diego e ofereci a ele. Enquanto ele bebia, acariciei seu cabelo. — Lembra quando você apenas apontava para as letras? — murmurei. — Agora você está desenhando elas. Cada passo é uma vitória. Ele sorriu com os olhos, o jeito que sempre sorri para mim. O pai se ajoelhou ao lado dele e sussurrou: — E mesmo se não sair perfeito, seu nome já está escrito no nosso coração. Diego fechou os olhos por um segundo, como se absorvesse aquelas palavras.

Voltamos ao tablet. Faltavam duas letras: “G” e “O”. O “G” era mais complicado do que os anteriores. Diego começou com um círculo, mas ele se transformou em um oval, depois em algo entre um “C” e um caracol. Ele riu nervoso. Errei? Olhei para ele e disse: — Podemos transformar esse “C” em um “G”. E aí mostrei como fazer um traço que atravessasse o círculo, com paciência. Diego tentou de novo. Dessa vez, o círculo foi mais redondo. Depois, com muito esforço, ele fez o traço e um pequeno risco vertical. O “G” se formou. Imperfeito, mas lindo. Fizemos uma pausa para comemorar, abraçando-nos de leve. Sombra pôs a cabeça no colo de Diego e esfregou o focinho na barriga dele. Eu acariciei o cachorro. — Você é nosso coautor — brinquei.

O “O” era a última letra, mas não a menor. Requeria uma curva fechada, o que exigia precisão e paciência. Diego respirou profundamente, posicionou a caneta e começou. A mão desceu, a curva se formou. No meio do trajeto, a linha se perdeu. Eu vi a frustração chegar. — Tudo bem, amor, tenta de novo — sussurrei. — Devagar. Juntos. Sempre repito que não estamos com pressa. Afinal, cada letra é um mundo. A segunda tentativa foi melhor. A terceira ainda melhor. Na quarta, o “O” se fechou. Quando a ponta da linha encontrou o início, o som de um milagre silencioso encheu o quarto.

Diego pousou a caneta. Na tela, as letras tortas formavam a palavra “DIEGO”. Olhou para o pai, depois para mim e, por último, para Sombra. Uma lágrima escorreu pelo rosto do menino. Eu não resisti. Abracei-o, beijando sua cabeça. — Você fez! — sussurrei, deixando as lágrimas rolarem. Carlos o abraçou também, e até Sombra se levantou para colocar as patas na perna do menino, lambendo seu rosto. Diego gargalhou. Não com som alto, mas com todo o corpo. A sala ficou tomada de uma energia que não consigo descrever. Era como se o ar se transformasse em luz.

— Posso mostrar? — escreveu ele no tablet, apontando para a porta. — Claro! — respondi. Ligamos o aparelho à televisão, e a palavra “DIEGO” apareceu em tamanho gigante no meio da sala. A letra “D” torta, o “I” firme, o “E” vacilante, o “G” generoso, o “O” quase um círculo. Nosso sobrenome de amor. Tiramos fotos da tela, mandamos para a professora, para a terapeuta ocupacional, para a fonoaudióloga. Lídia, a professora, respondeu em segundos: “Estou chorando!” Clara, a fonoaudióloga, escreveu: “Disse que ele conseguiria! O próximo passo é escrever ‘mamãe’”. Carlos riu, chorando. Sombra, sem entender mensagens de texto, abanava o rabo.

À tarde, quando a notícia correu entre os nossos amigos e a comunidade da escola, recebemos visitas inesperadas. Alguns pais vieram nos parabenizar, trazendo flores e abraços. Tia Helena, nossa vizinha, trouxe um bolo simples com as letras D, I, E, G, O desenhadas com chantilly. Ela chorou ao nos abraçar. — Ele é forte igual à mãe — disse, em voz trêmula. Puxei-a para perto e respondi: — Somos fortes porque temos muitos braços. Enquanto isso, Diego mostrava a palavra na tela a todos que chegavam. Cada novo par de olhos era uma nova plateia, e cada aplauso era uma injeção de autoestima. Sombra não se cansava de lamber as mãos de quem se aproximava, como se agradecesse por cada reconhecimento.

Ao final do dia, a palavra “DIEGO” parecia flutuar pela casa, impressa em nossos olhos e corações. Eu me sentei com meu filho no quintal, a luz do entardecer tingindo tudo de laranja. Sombra se deitou ao lado, apoiando a cabeça nas nossas pernas. — Filho, você sabe o que essa palavra significa? — perguntei. Ele olhou para o tablet e depois para mim. Pegou a caneta e escreveu, devagar: “Eu”. Sorri. — Sim, é você. Mas sabe o que mais? — Ele balançou a cabeça. — Essa palavra também significa “coragem”, “amor”, “família”. É tudo junto. — Ele franziu a testa, tentando entender. Pegou o tablet de novo e escreveu “Nós”. Eu apertei sua mão. — Isso mesmo. Nós.

As conquistas de Diego sempre me fazem refletir sobre a vida. Sobre o que é vencer. Sobre o que é persistir quando a estrada é longa e não sabemos o que há na próxima curva. Às vezes, as vitórias são enormes e reverberam em todos os cantos; outras, são silenciosas, cabe dentro de um quarto. Mas todas são igualmente sagradas. Pensar que meu filho não falava, não escrevia, e agora traça seu próprio nome com as próprias mãos me faz acreditar que milagres existem. Não chegam com trovões, mas com letras tortas e risos abafados. Eles chegam quando menos esperamos, mas quando mais precisamos.

Enquanto recolhia os objetos do dia, passei pela parede onde haviam as molduras com recortes de jornais, fotos da feira da escola, o certificado de superação. Inclinei a cabeça e imaginei: um dia, colocaremos ali a palavra “DIEGO” escrita por ele. E do lado, talvez um texto maior, um “mamãe” ou um “Sombra”. Sonhar não custa. Aliás, foi sonhando que chegamos até aqui. Sonhando e fazendo, letra por letra, passo por passo, respirando fundo em cada curva. Já consigo ouvir a pergunta de alguém: “Quando ele virou herói?” E já sei a resposta: no momento em que escreveu o próprio nome com as mãos trêmulas, desafiando o impossível.

Pouco antes de dormir, sentei na cama de Diego e perguntei: — Gostou de escrever seu nome? — Ele sorriu e respondeu com o olhar. — Quer escrever mais palavras? — Ele assentiu. Pegou o tablet e escreveu “Amor”. Lágrimas encheram meus olhos novamente. — Também é seu nome — sussurrei, beijando sua testa. Sombra pulou na cama, deitou-se ao lado dele e suspirou. Era como se dissesse: “Amanhã teremos outra missão”. E tínhamos mesmo. Porque nossa jornada não termina com um nome escrito. Ela se renova a cada dia, a cada letra aprendida, a cada abraço dado, a cada sonho alcançado.

Naquela noite, a casa ficou em silêncio. O tablet descansava sobre a escrivaninha, exibindo a palavra “DIEGO” em letras tortas que para mim eram as mais lindas do mundo. O cachorro ressonava baixinho, os dedos do menino ainda tinham resquícios de tinta digital. A lua atravessava a janela, iluminando de leve o quarto. Fechei os olhos e agradeci em silêncio. Pelo nome, pelas letras, pela força que não sei de onde tirei. Agradeci por ter sido escolhida para viver essa história, por ter um filho que me ensina mais do que qualquer livro, e por ter um cão que traduz amor em silêncio. Agradeci por cada curso que me ajudou, cada terapeuta que nos orientou, cada amigo que nos apoia. No fundo, agradeci pelo milagre de ser mãe de um menino que escreve com o coração e de um cão que assina com a pata.

Na manhã seguinte, antes mesmo de tomar café, Diego me chamou. Seu olhar tinha um brilho novo. Pegou o tablet e, com cuidado, escreveu “Mãe”. O coração quase saiu pela boca. Senti as pernas fraquejarem. Abracei-o como se quisesse fundir meu corpo no dele. Sombra saltou, empolgado, abanando o rabo e latindo baixinho. Ele também sabia que tínhamos acabado de atravessar mais uma fronteira. Não falei nada. Apenas senti. Porque, às vezes, o melhor agradecimento que podemos dar é o silêncio carregado de emoção. E, assim, seguimos. Diego escrevendo o mundo com suas próprias letras, Sombra lendo com os olhos do coração, e eu, entre eles, aprendendo a soletrar amor todos os dias.


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