Receitas Saudáveis para seu Cão — eBook
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Publicado por Jefferson Peixoto • Página original do produto na Hotmart

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Capítulo Especial – Dia dos Pais

"Nem todo pai é quem gera. Às vezes, é quem chega para ensinar o que é impossível explicar."

Capítulo Especial – Dia dos Pais 

Entre patas e silêncios, um amor que ensinou a ser pai outra vez.

Aquela manhã tinha um silêncio diferente. Não era o silêncio de costume na casa — aquele que misturava o som leve da respiração de Diego com o passo contido de Marisa. Era outro. Um silêncio quase solene, como se o ar tivesse decidido respeitar algo que só o coração sabia. Lá fora, o bairro despertava preguiçoso. Um ou outro vizinho fechava o portão, o cheiro de café escapava pelas janelas, e de longe vinha o som de um rádio tocando uma música antiga que falava de “meu velho, meu amigo, meu pai”.

Carlos estava sentado na mesa da cozinha, xícara na mão, olhar perdido. Dia dos Pais. Uma data que, para ele, há anos, era só mais um lembrete incômodo de tudo o que tinha perdido — e do que não conseguia ser. Desde que Diego adoecera, ele se sentia preso entre dois mundos: o do cuidado e o do luto. Era pai, sim, mas também sentia que a vida lhe tinha arrancado a chance de ver o filho correndo para o seu colo, chamando-o com a voz clara. E essa dor, silenciosa, nunca cabia em cartões comemorativos.

Marisa, percebendo o peso daquele momento, passou a mão em seu ombro e sussurrou:
— Fica na sala daqui a pouco. Quero que veja algo.

Ele estranhou, mas obedeceu. Levantou-se e foi até o sofá. Sentou-se sem saber o que esperar. Foi então que ouviu o som das unhas de Sombra no piso, aquele “tic-tic-tic” ritmado que já era parte da rotina da casa. O cão entrou na sala devagar, como se soubesse que estava participando de algo especial. No focinho, carregava uma pequena caixa de papelão improvisada, com um laço torto feito de fita vermelha.

Sombra parou bem na frente de Carlos, colocou a caixa no colo dele e, como se fosse um ser humano, olhou-o fixamente. Não era um olhar comum. Era profundo, carregado de um tipo de entendimento que ninguém explica, mas todo mundo sente.

Carlos, surpreso, abriu a caixa. Lá dentro, havia um chaveiro simples, com a foto dele e de Diego tirada meses antes no quintal — uma das raras vezes em que o menino conseguira abrir um sorriso mais visível. E junto, havia um bilhete torto, claramente escrito por Marisa:

"Para o melhor pai do mundo.
Do seu filho que não fala, mas sente tudo.
E do amigo que fala com o coração: Sombra."

Carlos mordeu os lábios para segurar a emoção, mas não conseguiu. Uma lágrima pesada caiu no chaveiro. Ele olhou para Diego, que estava na cadeira, observando tudo com aquele brilho sereno nos olhos. E foi ali, naquele instante, que entendeu algo que nunca tinha conseguido colocar em palavras: Diego talvez não pudesse dizer “pai” com a voz, mas dizia com o olhar, com cada batida de coração.

Sombra, percebendo a onda de sentimentos, se aproximou ainda mais. Colocou a pata sobre o joelho de Carlos e encostou a cabeça na sua perna. Era um gesto simples, mas carregava toda a simbologia de quem está dizendo: “Você não está sozinho nessa paternidade. Eu também sou responsável por ele.”

Naquele momento, Carlos sentiu algo que há muito não sentia: orgulho sem culpa. Orgulho limpo, que não vinha acompanhado do peso das comparações com pais de filhos “perfeitos” ou das frustrações que o destino impôs. Orgulho de saber que, apesar das dificuldades, ele estava sendo tudo o que Diego precisava — e mais, que Sombra também reconhecia isso.

Marisa, parada à porta, observava. Sabia que aquele momento valia mais que qualquer presente comprado. E que, de certa forma, Sombra tinha resgatado algo que ela temia que estivesse perdido para sempre: o vínculo entre pai e filho.

O dia seguiu com pequenas celebrações. Um bolo simples, o cheiro de café fresco, e a presença constante de Sombra ao lado dos dois. À tarde, Carlos decidiu sair para caminhar com o cão. Não era costume, pois ele geralmente deixava Marisa levar Sombra junto de Diego no carrinho adaptado. Mas naquele dia, sentiu que precisava de um momento só com ele.

Caminharam pelas ruas tranquilas do bairro. O sol da tarde desenhava sombras longas no asfalto. Carlos falava pouco, mas Sombra parecia ouvir cada palavra não dita. Quando pararam na pracinha, ele se sentou no banco e, como num desabafo para alguém que realmente entende, falou:
— Eu não sei se sou um bom pai, Sombra... às vezes, acho que falhei com ele.

Sombra, imóvel, apenas manteve o olhar fixo, as orelhas levemente inclinadas para frente, atento como quem registra cada detalhe. Então, deu um passo para mais perto, encostou o peito nas pernas de Carlos e suspirou fundo. E, naquele instante, Carlos teve a certeza de que, se pudesse falar, Sombra diria algo como: “Você não falhou. Ele ainda sorri. Ele ainda sente. Você está aqui. Isso é ser pai.”

Voltaram para casa com o coração mais leve. Diego, ao vê-los, soltou um som curto e animado. Era a forma dele dizer “bem-vindos de volta”. Sombra correu até ele, lambendo sua mão, e Carlos, por instinto, abaixou-se e abraçou os dois ao mesmo tempo. Um abraço que juntava homem, menino e cão num só corpo — três vidas entrelaçadas pela força de algo que vai além do sangue: a escolha de permanecer.

A noite chegou silenciosa. A luz amarelada da sala criava uma atmosfera íntima. Marisa trouxe um álbum de fotos antigas e se sentaram juntos para folhear. Muitas imagens eram de antes da doença de Diego. Carlos olhava e, embora sentisse a pontada da saudade, também percebia que o amor não tinha diminuído. Pelo contrário — ele havia se transformado, se expandido, ganhado novas formas.

E uma dessas formas tinha nome: Sombra.

Antes de dormir, Carlos foi até o quarto do filho. Diego já estava com o olhar mais pesado de sono, e Sombra, fiel como sempre, deitado ao lado. O pai se ajoelhou, beijou a testa do menino e sussurrou:
— Obrigado por me ensinar o que é ser pai de verdade.

Ao sair, olhou para Sombra e completou:
— E obrigado por me lembrar disso todos os dias.

Sombra piscou devagar, como quem reconhece a gratidão. E naquela noite, Carlos dormiu sem o peso habitual no peito. Pela primeira vez em muitos anos, o Dia dos Pais tinha sido exatamente o que deveria ser: um dia para celebrar o amor que permanece, apesar de tudo.

E, para Sombra, que nunca teve um pai presente, aquele também foi um dia especial. Porque, de alguma forma, ele sentia que também era pai — pai de um menino que precisava dele tanto quanto ele precisava daquele menino.

A madrugada avançava devagar. A casa inteira estava mergulhada num silêncio pesado, quebrado apenas pelo som suave da respiração de Diego e o ocasional suspiro de Sombra, que dormia no chão, perto da cama. Carlos acordou sem motivo aparente — não havia barulho, não havia incômodo físico. Talvez fosse apenas o hábito de um pai que, mesmo dormindo, mantém o coração em alerta.

Sem querer voltar para a cama ainda, levantou-se e foi até a sala. Sentou-se no sofá, ligou a TV no volume mais baixo possível para não acordar ninguém. Zapeando pelos canais, parou num programa que transmitia pequenos vídeos e poesias enviadas por telespectadores.

A tela mostrava a imagem de um pai empurrando a cadeira de rodas da filha por uma estrada de terra, com o pôr do sol ao fundo. E então, a voz do narrador, pausada e carregada de sentimento, começou a declamar:

"Ser Pai de um Filho com Deficiência"

*Não é sobre ensinar a andar,
É sobre aprender a esperar o tempo certo.

Não é sobre ouvir a primeira palavra,
É sobre entender que o silêncio também fala.

Não é sobre segurar a mão para atravessar a rua,
É sobre segurar o coração para não cair na tristeza.

Não é sobre planejar um futuro igual ao de todos,
É sobre celebrar cada conquista,
Mesmo as que o mundo não enxerga.

É ter olhos treinados para ver milagres pequenos,
É sorrir por um piscar de olhos,
É chorar de orgulho por um movimento simples.

É aprender que ser pai não é moldar o filho ao mundo,
Mas moldar o mundo para que caiba o seu filho.

E, acima de tudo,
É amar sem medida,
Sem expectativa,
Sem condições.

Porque quando o filho não pode correr até você,
Você aprende a caminhar devagar…
E descobre que, no fundo,
O amor sempre chega na mesma hora."*

Carlos ficou parado, sem piscar, sentindo cada verso como se tivesse sido escrito para ele. Quando a poesia terminou, a imagem voltou para a apresentadora, mas ele já não ouvia mais nada. Desligou a TV, ficou alguns segundos no escuro, e olhou para o corredor, onde a luz fraca do abajur do quarto de Diego escapava pela fresta da porta.

Levantou-se, caminhou até lá, abriu devagar e viu a cena que mais lhe acalmava a alma: Diego dormindo serenamente e Sombra com a cabeça apoiada na beirada da cama, como se vigiasse cada respiração do menino.

Carlos se ajoelhou ao lado dos dois, passou a mão no pelo do cão e sussurrou:
— Acho que finalmente entendi… Não é o mundo que me diz o que é ser pai. É você, Diego. É você, Sombra.

Ficou ali por alguns minutos, sem pressa de voltar para a cama. Pela primeira vez, sentia que aquela definição de pai cabia nele por inteiro.


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