Receitas Saudáveis para seu Cão — eBook
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Publicado por Jefferson Peixoto • Página original do produto na Hotmart

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Capítulo 96 - Nós Dois no Campo de Girassóis

Em um vasto campo amarelo, Diego e seu cão Sombra sentem a liberdade florescer em cada pétala e resgatam a esperança.

Capítulo 96 - Nós Dois no Campo de Girassóis

O dia amanheceu claro e leve, diferente de tantos outros. Lá fora, o sol engolia as últimas sombras da manhã e o ar cheirava a terra úmida. Dentro de casa, senti que algo especial aconteceria: Diego olhava pela janela com os olhos ainda sonolentos, mas havia um brilho novo neles. Papai ajeitava o carrinho de Diego no carro, preparando uma mochila com sanduíches e sucos. “Vamos ver algo lindo hoje”, disse ele, acariciando meu pelo ainda macio de sono. Mamãe levou a mão de Diego em silêncio, como se soubesse que a surpresa ia mudar tudo. Eu, Sombra, também estava animado. Percebia os pés de Diego se mexendo levemente na cadeira motorizada enquanto o papai comentava: “Prepare-se para um mar de dourado, meu filho”. Assim, acompanhando o farfalhar das árvores e o ronco suave do motor, partimos em direção ao campo de girassóis.

Quando o carro parou, abri a porta de trás de um pulo. O mundo lá fora era uma explosão de luz. À nossa frente, um campo infinito de girassóis se estendia até o horizonte. Milhares de bocas amarelas, viradas para o sol, como se estivessem rindo para nós. O vento soprava morno e o aroma terroso das flores misturava-se ao perfume doce das plantas. Diego empurrou os limites da cadeira para frente, arregalando os olhos com surpresa. “Uau”, foi o que consegui entender de suas pupilas brilhantes, fixas naquele mar dourado. A cadeira avançou terreno adentro, rasgando um tapete verde de grama fresca. Eu dei um passo atrás para sentir melhor a cena: as hastes finas dos girassóis tocavam suas pontas no céu azul, num balé silencioso com o vento.

Sombra farejou cada flor à nossa volta. O caule quebrava-se sob minhas patas, soltando um sutil pólen almiscarado no ar. Cada flor parecia tão alegre, tão viva, que meus pelos se eriçaram com emoção. Diego soltou um pequeno risinho por entre os dentes de aleitamento que com os anos pareciam fortes, e isso me aqueceu o coração como se eu tivesse sido banhado por raios de sol. Papai e mamãe se juntaram a nós na imensidão do campo, trazendo papéis de pão e suco de laranja. Mamãe inclinou-se para perto de Diego e disse baixinho, feliz: “É tão bom ver você assim, filho”. Eu me aproximei e coloquei o focinho no ombro dele. Seus dedos tremeram levemente quando tocaram minha cabeça. Naquele contato macio, senti mais segurança do que jamais sentira. Ali, no meio das flores que nos abraçavam, não havia mais espaço para medo ou tristeza.

Vagarosamente, mamãe começou a empurrar a cadeira de Diego entre as filas de girassóis. Cada nova flor que encontrávamos tinha pétalas de um amarelo quase dourado, bordas delicadas e miolos castanhos cheios de pólen. Elas pareciam sorrir para ele. Diego inclinou o tronco para a direita e estendeu o braço; eu notei que foi só para ajudar que ele conseguia mover o braço, mas aquela força era única, vinda de um desejo grandioso. Ele tocou uma flor bem alta e riu baixinho quando sentiu as pétalas macias. Aquele risinho sem som se transformou no melhor som que já ouvira: era a alegria de alguém livre. Eu abanei o rabo; parecia que as próprias flores dançavam ao ritmo de nossa felicidade. Os girassóis, tão altos quanto a nossa esperança, cintilavam e piscavam como se espelhassem em seu amarelo puro o quanto Diego podia brilhar.

Em certo momento, paramos ao lado de um pequeno lago formado pela chuva de dias anteriores. Papai ajudou a alinhar a cadeira de Diego com vista para o lago, onde o reflexo do sol era um farol dourado. Sombra sentou-se ao lado de Diego e mamãe estendeu o capuz do carrinho para dar sombra. “Olha, Sombra”, disse papai, apontando para um girassol enorme que se destacava dos demais. Ele era ainda mais brilhante, quase como se carregasse um próprio pequeno sol em seu centro. Diego se encarregou de move-lo um pouco para cima e esticou a mão para admirar melhor aquela gigantesca flor. Foi então que o senhor de cabelos prateados – o dono do campo – aproximou-se com um sorriso gentil. Ele sabia o quanto aquele lugar significava para nós. “Eles dizem que essa flor foi cuidada por crianças de um orfanato”, contou ele. “E por isso é especial. A vida floresce onde há cuidado e amor.” Diego virou o rosto para ouvir melhor, a brisa fazendo dançar seu cabelo. Seus olhos castanhos encaravam o dono do campo, cheios de gratidão silenciosa.

Senti que havia esperança nas palavras daquele homem. Meio minuto depois, um inseto amarelo e preto pousou em meu focinho – uma abelha faminta que pensou ter encontrado um girassol. Eu esperei paciente, observando-a provar algumas gotas de néctar de uma flor próxima. No rosto de Diego, notei um brilho curioso. Talvez ele estivesse lembrando das aulas de ciências sobre os polinizadores, mas hoje não havia notas nem tarefas: havia apenas a beleza simples da natureza trabalhando para nós. Mamãe sorriu, feliz por vê-lo assim contente. Mamãe, que enfrentou tantos dias de incerteza, agora enxergava apenas o ouro reluzente das flores e um filho sorrindo.

Caminhamos um pouco mais entre as flores altas. A cada passo da cadeira motorizada, eu corria de um lado para o outro, farejando tudo. Uma borboleta alaranjada passou perto de mim, e por um instante pensei que fosse parte do jardim encantado. Diego balançou o braço lentamente, apontando para o infinito de girassóis. Eu parei e sentei ao lado dele, observando. O menino, no alto daquela cadeira, era pequeno frente à imensidão dourada, mas aquele campo estava cheio de vida que se curvava em reverência a ele. Fechei os olhos por um momento, absorvendo o calor solar que atravessava minhas orelhas. Era como se o sol reconhecesse nosso sorriso.

Logo, mamãe abriu uma cesta de palha que trouxera. Ela tirou frutas frescas e sanduíches recheados de cenoura e abóbora – o primeiro lanche que ela preparava pensando no Sombra. O cheiro, doce e sutil, percorreu o ar. Eu farejei a tigela que estava por perto, sentindo principalmente o aroma de abóbora assada e aveia. Mamãe ria enquanto arrumava algumas cenouras ao lado de uma tigela de água fresca. “Achei que ele ia adorar esses biscoitos naturais de abóbora e linhaça”, comentou ela. Naquele instante, escutei Mamãe se referindo a algum tal curso: “…segui as dicas daquele curso de alimentação natural para cães que vi no site”. Eu ergui a cabeça curioso, ouvindo que ela havia preparado tudo seguindo um curso de alimentação natural para cães. Sempre dissera que aprender a cozinhar comidas saudáveis para mim a fazia sorrir e me deixar fortão. Agradeci mentalmente às flores douradas e à vontade de aprender dos pais de Diego – agora até o almoço no campo vinha recheado de afeto.

Sentados sobre uma manta xadrez esquivando-nos dos espinhos dos girassóis, partilhamos o lanche. Diego não comia essas frutas, mas sorriu vendo o cachorro – eu mesmo – saborear cada mordida do biscoito especial que Mamãe fez. Sombra devorava feliz, abanando o rabo, relinchando baixinho de contentamento a cada mordida de seu lanche caseiro. Senti que era um momento de vitória: ali estava eu, o cão de longe, sentindo o cuidado e a generosidade de uma família inteira se voltando para um menino especial. E Diego também sorria, entendendo que dentro de cada mordida havia amor. Papai brincou me chamando de “bichinho formoso”, e Diego repetiu algo que parecia “ele é lindão, Sombra?”. Era mesmo um elogio vindo de algo que ele pronunciou apenas com os olhos.

Depois do lanche, papai sugeriu que explorássemos um pouco a pé. Ele desceu do carrinho e me deixou à guia por cima da grama fofa – provavelmente era a primeira vez que o pegava literalmente pela coleira, mas ele permitia com facilidade. Levei Diego um pouquinho além, entre os girassóis até onde os raios do sol começavam a atravessá-los em ricas sombras. A cada passo, eu sentia o chão firme e as raízes das flores se curvando, como se elas se cumprimentassem quando ele passava. Paramos diante de um girassol caído pelo peso das pétalas maduras. Ele era tão grande que eu, se quisesse, poderia encostar meu peito ele. Levei-o de leve até Diego. O menino esticou o braço como uma bailarina, tocando suavemente o centro de veludo do girassol. Aquele ato tão simples – tocar a textura encorpada do miolo – foi um reflexo puro do carinho que ele recebia. Percebi um suspiro de gratidão escapar por ele.

Voltei ao seu lado e, para nossa surpresa, vi que um outro adorável fenômeno acontecia: as pétalas já douradas começavam a se curvar lentamente para o lado, como se se inclinassem para cumprimentar Diego. Era quase como se as flores soubessem da importância dele; giravam sutilmente para olhá-lo de frente, acompanhando cada sorriso silencioso dele. Mamãe notou e comentou: “Veja só, parece que até elas celebram o seu amor, filho.” Aquilo me lembrou as histórias que ouvira – sussurros que ensinam que os girassóis se viram para a luz. E naquele instante, percebi que Diego era nossa própria luz. A cada dia se voltava para o que havia de bom no mundo, mesmo depois de palavras duras que ouvira por ser diferente. A força dele, para mim, era tão grande quanto um campo inteiro de flores douradas.

A tarde avançava lentamente e o sol começava a ficar levemente mais ameno. Mamãe sentou-se novamente na manta e Diego encostou a cabeça em seu braço. Encostei a testa em suas pernas, observando-o dos olhos. Ele havia fechado os olhos, mas o pequeno sorriso ainda desenhava curvas de sol em seu rosto. Pude sentir as batidas mais lentas do meu próprio coração. Estávamos ali, nós dois – menino e cão – rodeados por um campo de vida vibrante, conversando sem palavras que o mundo nem sempre entende. “Você não está sozinho”, parecia nos sussurrar o vento que passava entre as flores. E algo dentro de mim falava: nós dois, apesar de tudo, pertencíamos àquela cena de união e carinho.

Havia liberdade no ar. Meus instintos antes contidos pelos muros do lado de fora agora pulavam em cada inseto que picava em volta. Sombra rosnou baixo para afastar um besouro distraído, e Diego riu silenciosamente. Papai disse baixinho: “Olhe como ele te protege, meu filho.” E eu ergui o focinho em resposta, puffando levemente, sentindo orgulho. Era meu jeito de dizer “sempre estarei aqui para você”. De fato, ali não precisávamos de palavras complicadas: o amor dele se via nos olhos e o meu nas atitudes.

Quando o sol começou a declinar, enchendo o campo de sombras longas, era hora de voltar. Antes de irmos embora, fiz uma última coisa por ele: levei até aquela flor caída que ele pegara. Com cuidado, a empurrei em cima dos joelhos de Diego. Era um pequeno gesto, mas quis mostrar a ele que mesmo algo que foi a um momento de fraqueza (como aquela flor inclinada) podia se erguer quando visto com carinho. Diego riu baixinho de novo e mexeu as pernas num balançar quase imperceptível, como se dissesse “obrigado, amigo”. Ele inclinou a cabeça em minha direção e pude sentir a respiração quente dele em meu ouvido. Aquele era nosso segredo: amigos para sempre, girassóis e sol.

Descemos do campo juntos, acompanhados pelo som suave de um riacho distante e o canto melancólico de um sabiá despedindo-se do dia. Papai fez um carinho no meu dorso enorme e disse que nunca tinha visto Diego tão feliz. Eu sabia que, dentro do peito dele, algo havia mudado de forma profunda – nascia ali a convicção de que ele era tão importante quanto as flores imensas que deixávamos para trás. Sombra sentiu-me aliviado. As últimas palavras de Diego, num leve sussurro, chegaram até mim: “Obrig…” (talvez quisesse dizer obrigado, talvez algo diferente, mas eu entendi) e isso me bastou para sorrir por dentro.

No caminho de volta, já no carro, pensei em quantas coisas boas cabiam naquele dia. As girassóis, enormes e resilientes, nos tinham espelhado o que éramos: dois seres em busca de luz, renascendo a cada dia. Senti que mais uma etapa tinha sido vencida, assim como as flores enfrentam a noite para voltarem a abrir suas pétalas. Eu estava ao lado dele, firme e feliz. Diego permaneceu calado, olhando a última mancha amarela do campo desaparecer na estrada. Em seus olhos úmidos, adivinhava gratidão e carinho. Mamãe limpou uma lágrima emocionada, e nós dois, Diego e eu, trocamos um olhar cúmplice. Naquele campo de girassóis, havíamos encontrado algo maior que nós: liberdade, vida e superação, todas representadas numa simples tarde ensolarada.

E assim seguimos, juntos, cada um com seu sol interior iluminando o caminho, sabendo que aquele amor e aquela paz nunca iriam embora.


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